terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A Crônica da Pressa.

Mas quem diria, no inicio a gente se arrasta, depois engatinha, anda, e depois corre. E como corre.
Ah mas quanta correria,sempre a pressa, todo mundo corre, o tempo todo, mas ninguém vê o quanto isso é chato.
Corre pra pegar o trem , que também corre.
Corre para o carro, e com o carro corre, tanto quanto se estivesse sem ele.
Ninguém percebe o quanto é ruim enxergar o mundo em vultos que apenas passam, sem detalhes, sem vida, sem cor.
Não se aprecia mais os detalhes, aquela gota de chuva que fica presa na folha que algum bicho-inseto come.
Ou na manchete de jornal na banca, como pude me esquecer, na internet todo mundo corre, é a modernidade agilizando a pressa. Sendo assim, ninguém compra mais o sagrado jornal impresso, afinal as noticias também correm, em questão de segundos, aparece alguma desgraça nova pra estampar a primeira página do Site. E as noticias no papel, coitadas, tornam-se obsoletas, a desgraça atual sempre vende mais.
Ultrapassadas tanto quanto aquela sua nova idéia, aquela que você teve pela manhã, enfim ela também tinha pressa, veio e já foi embora. E você nem se deu conta, talvez também estivesse com pressa demais pra perceber.
Prefiro as vezes ditar o ritmo, pausar a correria da globalização, e não cair na ridicularização do que me sobra para ver quando estou correndo.
Não abro mão de sentar no murinho da varanda, apreciar o som do violão, ou ficar quieta, deitada apreciando as estrelas, ou ouvindo o barulho da rua, até mesmo dos carros com seus motoristas apressados atropelando sentimentos, pessoas, cães, plantas, afinal tudo é a mesma coisa quando alguém está com uma certa urgência de correr nunca sabendo pra onde de fato se está indo.
Ninguém se preocupa mais em olhar os retratos, vasculhar as lembranças, a infância, o cheiro bom do bolo recém feito da vizinha da sua avó, ou daquela festa de aniversário de 10 anos, que o seu primo enfiou o pé no prego, ou talvez aqueles dias de sol correndo pelo quintal com seu cachorro...ganhando lambidas satisfátorias de felicidade, daquele seu fiel amigo com pêlos que já se foi.
A verdade é que todo mundo se esquece de quem se é de verdade, quando tem pressa.
Quanta gente besta,que insiste em competir com o tempo.
Sei que eu tão somente, não quero me esquecer de mim.
Prefiro saborear o gosto da vida,tirando a fruta do pé. Uma de cada vez. Sem competir com o tempo, sem pressa para ser feliz.

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