domingo, 15 de agosto de 2010

A cerca e a Fronteira


Entre a cerca que divide o mundo, cá estou, encosto os pensamentos no portão. Permaneço em pé, contrariando minha alma, e cá estou, de pensamentos encostados no portão, tomando decisões incabivéis.
Analizando as questões mais subjetivas, talvez até imbecis, eu olho o mundo ao redor, entre crianças que só conhecem a desgraça , e adultos que riem da mesma, com sorrisos amarelos, seguros de si, acreditanto que viveram de tudo, esquecendo-se da imensidão da vida.
Sento-me em cima da cerca, e admiro a liberdade contida em cada homem, e o desespero calmamente chega em meus ouvidos dizendo-me :
- Eles não sabem o que fazem.
Realmente não sabem, a liberdade consome os homens.
Incredulos da existência de algo maior, a liberdade ilude os olhos, e os dão poderes de si. Mas que poderes, pergunto-me, encostando os pensamentos no portão.
Devagar sem pressa, saborei o gosto da vida, acreditando, no invisivel, e na essência, e na intensidade. E deixo os raios de sol entrar pela janela.
Com olhos de aguia , enxergo as pessoas e o vazio, tão cheias de tecnologias inuteis, e tão vazias do que extremo que realmente importa.
Incluo nos pensamentos, o simples fato de não pensar em nada, recluso entre o incerto da nitidez das palavras, existe uma visão do preludio do mundo, e uma pergunta tola atenta :
- Quem serei eu no mundo?
- Afinal quem eu quero ser além de mim mesma, e isso tão somente é suficiente pelo menos por hoje.
Em cima da cerca que me separa do mundo, eu vejo o melhor do futuro, e aquieto-me vendo a imensidão anoitecer meus pensamentos, pensamentos estes que deixei encostados no portão de entrada da vida, ou o de saída.
Que a vontade conspire a favor , e nunca contra, e que eu ainda possa abrigar-me dentro de corações mais quentes. E que a cerca seja, apenas a fronteira, e nunca a divisa.

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